domingo, 30 de maio de 2010

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Resumo

Este artigo vem a conceituar a questão dos resíduos sólidos no que se refere à produção e ao consumo de bens e serviços. A idéia sobre o percurso da relação homem-meio ambiente é o ponto chave abordado neste trabalho, embora a analise feita não seja muito aprofundada aqui. Tratamos o resíduo como produto de diversas finalidades, seu estudo proporciona um vasto entendimento sobre as implicações geradas historicamente através da natureza.


Palavras-chave: Resíduos Sólidos, lixo, gestão de resíduos, recursos naturais, reciclagem-reutilização e matéria-prima.


1- Resíduos: matéria-prima ou lixo

Economia é a ciência social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Para Mankiw a Economia é o estudo da forma pela qual a sociedade administra seus recursos escassos. Na maior parte das sociedades os recursos não são alocados por um único planejador central, mas pelas ações combinadas de milhões de famílias e empresas. Os economistas, portanto, estudam como as pessoas tomam as decisões: o quanto trabalham, o que compram, quanto poupam e como investem suas poupanças. Conforme Dornbusch a economia é o estudo de como a sociedade decide o quê, como e para quem produzir.

A sociedade tem de resolver o conflito entre os desejos ilimitados por bens e serviços e a escassez dos recursos (mão-de-obra, máquinas, matérias-primas) com os quais são feitos os bens e serviços. A economia é a análise dessas decisões. O seu tema é o comportamento humano, o seu método é desenvolver teorias e testá-las com fatos.

A palavra chave no estudo da economia é a escassez. Em virtude da escassez, escolhas devem ser feitas. Por exemplo: você deve decidir como vai gastar seu tempo, a cidade deve decidir como vai usar seus terrenos, e nós, como nação, precisamos decidir de que maneira dividiremos nossa população entre as funções de ensino, de ciência, de cumprimento da lei, etc. Segundo o Dicionário de Economia, (2010, online):

A escassez é um dos conceitos base da teoria econômica e representa a insuficiência de bens para satisfazer os desejos ilimitados das pessoas. De fato, se os recursos fossem ilimitados de forma a satisfazer todos os desejos das pessoas, ninguém se preocuparia com os seus rendimentos, as empresas não se preocupariam em inovar e os governos não se preocupariam em adaptar políticas econômicas, pelo que o estudo da economia enquanto ciência que estuda a aplicação eficiente dos recursos escassos e a sua repartição pelos agentes econômicos, deixaria de ter qualquer interesse.

Podemos considerar esse estudo como principio fundamental da consumação do homem, levando em conta sua inteligência, seu trabalho e sua capacidade de exploração das matérias proporcionadas pelo ambiente.

Em nenhuma outra fase do desenvolvimento humano, como a atual, produziu-se tanto ‘lixo’ e conseqüentemente prejudicou-se tanto a saúde das populações humanas e o próprio ambiente. Os problemas causados pelos resíduos envolvem questões sociais, econômicas, políticas, ambientais e de saúde. Estes problemas têm acompanhado a humanidade por todo o processo de desenvolvimento, mas, apesar disso, nunca receberam a devida atenção.

Em especial nesta era do consumismo unido ao forte preconceito em relação aos objetos usados - roupas, livros, brinquedos etc. – que desvaloriza o que não é novo, provoca o consumir-descartar-consumir, faz com que seja mais prático jogar no lixo coisas pelas quais não se tem mais interesse, do que reutilizá-las, reciclá-las, vendê-las, trocá-las ou doá-las.

Segundo Herrera (1977), ao serem utilizadas no processo de produção essas matérias proporcionadas pelo ambiente podem ser definidas como “recursos naturais”. O homem recorre aos recursos naturais, isto é, aqueles que estão na Natureza, para satisfazer suas necessidades. Assim, os recursos naturais são classificados de duas formas: os recursos naturais não renováveis e os recursos naturais renováveis.

Os recursos naturais não renováveis abrangem todos os elementos que são usados nas atividades antrópicas, e que não tem capacidade de renovação. Com esses aspectos temos: o alumínio, o ferro, o petróleo, o ouro e muitos outros. Isso implica em dizer que quanto mais se extrai, mais as reservas diminuem.

Já os recursos naturais renováveis detêm a capacidade de renovação após serem utilizados pelo homem em suas atividades produtivas. Os recursos com tais características são: florestas, água e solo.

Neste sentido, o estudo dos resíduos oferece um rico suporte para a análise das implicações geradas historicamente através da natureza, pois partindo do pressuposto de que “nada se perde tudo se transforma” chegamos à conclusão de que o resíduo é o resultado da transformação da natureza.

A palavra resíduo é utilizada ao invés de lixo devido a sua melhor contextualização. Segundo Bérrios (2003), lixo pode ser considerado o produto na saída de um sistema (output), ou seja, aquilo que foi rejeitado no processo de fabricação, ou que não pode mais ser reutilizado em função das tecnologias disponíveis. A palavra lixo vem constantemente carregada de significados ligados ao que não serve mais e, como sabemos, este não servir é carregado de relatividade e dinamismo.

Os resíduos sólidos são classificados de acordo com sua natureza física – secos ou molhados, sua composição química – matéria orgânica ou inorgânica, e os que oferecem riscos potenciais ao meio ambiente e a saúde pública – perigosos (apresentam riscos ao meio ambiente e exigem tratamento e disposição especiais, ou que apresentam riscos à saúde pública.), não inertes (características de lixo doméstico) e inertes (não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo, tais como restos de construção, os entulhos de demolição, pedras e areias retirados de escavações).

De uma forma geral, a gestão de resíduos está referida a dois tipos de atitude: a aplicação de tecnologias no tratamento de resíduos pós-consumo e a adoção de medidas preventivas para a conservação de recursos e regulação da produção de bens.

A primeira alternativa que tem motivado o desenvolvimento da reciclagem.

Tecnicamente reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os detritos e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram. É o resultado de uma série de atividades, pela qual materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos. Embora o termo já venha sendo utilizado popularmente para designar o conjunto de operações envolvidas. O vocábulo surgiu na década de 1970, quando as preocupações ambientais passaram a ser tratadas com maior rigor, especialmente após o primeiro choque do petróleo, quando reciclar ganhou importância estratégica. As indústrias recicladoras são também chamadas secundárias, por processarem matéria-prima de recuperação. Na maior parte dos processos, o produto reciclado é completamente diferente do produto inicial.

A reciclagem do material é muito importante, não apenas para diminuir o acúmulo de dejetos, como também para poupar a natureza da extração inesgotável de recursos.

O problema da insustentabilidade do nosso planeta está na cultura do consumo desenfreado. Para amenizar este problema foi criado o conceito dos 3 R (três erres): reduzir (diminuir a quantidade de lixo residual que produzimos é essencial), reutilizar (utilizar várias vezes a mesma embalagem, com um pouco de imaginação e criatividade podemos aproveitar sobras de materiais para outras funcionalidades) e reciclar (transformar o resíduo antes inútil em matérias-primas ou novos produtos, é um benefício tanto para o aspecto ambiental como energético). Não sendo possível o primeiro, tenta-se o segundo. Se o segundo também não for possível, deve-se adotar o terceiro.

Por outro lado, a reutilização e a reciclagem são conceitos carregados de significados subjetivos, muitas vezes calcados em crenças e tabus relacionados aos conceitos de higiene, de morte e de degradação moral. Isto fica evidenciado nas obras críticas do artista alemão Hundertwasser através do seu entendimento da relação natureza-sociedade a partir das cinco peles – epiderme, roupas, casa, identidade, Terra – e do “Manifesto da Santa Merda” que chama a atenção para o tabu do excremento (RESTANY, 1999).

Esses significados subjetivos que envolvem a reciclagem mexem com questões bastante profundas como, por exemplo, nossos sentimentos religiosos. Conforme Eigenheer (1989) coloca esta questão sob o ponto de vista das religiões mais antigas como o budismo e taoísmo: a morte (fonte da vida) deverá ser vencida pela “transformação” para a conquista de uma “nova vida”, assim o próprio resíduo - “vida em abundância” querendo “renascer” - é reintroduzido, através da reciclagem, no “ciclo” da natureza, superando assim a “morte”. No mesmo sentido, mas a partir de outra matriz religiosa, se partimos do princípio de que a reciclagem dá aos descartes uma vida eterna, então, segundo Calderoni (1999), a reciclagem implica em “ressuscitar” materiais, permitir que outra vez sejam aproveitados.

Contudo não são estes os motivos que atraem as indústrias a desenvolverem a reciclagem. A preocupação das indústrias está na recuperação das propriedades físicas e químicas dos materiais; além de reincorporar ou economizar de alguma forma a energia despendida na produção. Por outro lado, além da reprodução ampliada do capital empregado na produção, o interesse maior recai sobre a revalorização do trabalho que foi socialmente utilizado em sua produção e que nele continua incorporado. Mais do que recuperar o valor de uso dos materiais, o que interessa nos processos de reciclagem é resgatar o seu valor de troca.

Assim sendo, podemos dizer que, de uma forma geral, resíduos são porções de materiais sem significado econômico aparente em função de sua quantidade ou qualidade, sobras de processamentos industriais, domésticos ou comunitários a serem descartados, ou, ainda, qualquer coisa de que se deseje desfazer-se o mais rápido possível.

Para se chegar a um censo comum é necessário busca compreender quais são os critérios e as relações subjetivas que englobam as formas de produção, bem como as diferentes maneiras de destinação dos resíduos, sejam elas disposição final em lixões ou aterros - ou cíclicas - reciclagem, reutilização ou compostagem.
Hoje temos uma imensa população habitando o planeta, ainda que de forma heterogênea. Uma população que consome muito e que, portanto, usa e produz materiais que são descartados.

Temos, o quanto antes, que destinar corretamente esses resíduos, redirecionando o volume do lixo produzido para a manufatura de novos produtos.

Mais do que uma moda ou uma preocupação com o meio ambiente, a reciclagem está se transformando em uma nova concepção de negócios. E não se trata só da criação de empregos ou fabricação de produtos. Há também que se considerar o ganho de imagem de empresas com gestão ambiental, de seus funcionários que são mais motivados e responsáveis.

Referência
ESCASSEZ. Dicionário de Economia. .Net Disponível em: . Acesso em: 30 mai. 2010.

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